quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quem procura acha!


Dizem que quem procura acha. E olha, acho que isso é verdade mesmo. Atualmente tenho visto muita gente achando “diabo” em Avatar. Antes era em marca de sabão em pó, música de cantora de axé, enfim, canso só de listar esses três exemplos. Fato é: onde eu quiser achar o “peludo” eu acho, basta misturar criatividade com alguns versículos mal interpretados, mexer com o conceito Nova Era e pronto: temos a receita do blá blá blá de sempre!

Muitos cristãos não conseguiriam vivem sem o diabo. Explico. Analise algumas pregações, sempre aparece o “marvado”. Conheço pessoas que vivem essa tensão entre Deus e o diabo dia a dia, se algo de bom acontece: Ah Deus abençoou, algo de ruim: Ah o inimigo quer passar uma rasteira... Talvez você esteja pensando que eu nego a existência do "capeta", mas não nego, pois a bíblia fala dele e sua ação, contudo, ele não é o foco de minha teologia, por isso, eu consigo assistir Avatar e ver Deus, pois Deus é o meu foco. Se o filme foi feito com intenções malignas, não to nem aí, para mim comunicou Deus, pois creio que Ele fala de muitas formas, até naquelas que fogem as nossas convenções.

E outra, existem coisas bem mais relevantes da vida cristã para nos preocuparmos do que filmes e cultura em geral, quanto mais os crentes malham, mais os ímpios dão risada.

Abaixo, deixo um texto que escrevi em 2005 respondendo um jovem que me questionou sobre eu escrever sobre cinema e ainda misturar com fé cristã.

Forte Abraço!


Cinema e Fé Cristã

Escrevo sobre cinema primeiramente porque gosto de cinema. Cinema pra mim é calmante, fascinante. Sei que nem tudo são flores, e que muitos filmes são desprezíveis, sem razão de ser. Por isso sou crítico e reflito sobre aquilo que está diante dos meus olhos/mente. Brian Godawa em seu livro Cinema e Fé Cristã da editora Ultimato, afirma que não devemos ser anorexos ou bulêmicos culturais, ou seja, não usufruir muito nem pouco da cultura, temos que ser equilibrados, evitando os extremos. Cinema é como televisão, internet (...) você pode escolher o que ver, e a escolha reflete quem você é. O que vejo é determinado por aquilo que sou, se bem que hoje em dia somos aquilo que vemos, me vem a mente agora aquela música da Pitt, Admirável Chip Novo, “Pense, fale, compre, beba. Leia, vote, não se esqueça”, mas bola pra frente.

A segunda razão que me leva a escrever sobre cinema é porque creio que Deus age na cultura e através dela fala ao homem. Talvez você pense: “mas como Deus vai usar um meio desses? Onde impera a promiscuidade e outras cositas mas?” Minha resposta a essa questão é simples, Deus opera nas igrejas, onde também acontecem as mesmas coisas, porém, maquiadas. A igreja enquanto instituição é tão podre quanto Hollywood, ambos só visam uma coisa: lucro!

O segredo é ser crítico e reter o que é bom. É claro que eu como cristão tenho como base a palavra de Deus, logo, julgo tudo a partir dela, sendo que bom senso também ajuda, por exemplo, se eu sei que determinado filme será simplesmente aquele “besteirol americano”, não tem porque assistí-lo. Fato é que não se pode negar a eficácia das mensagens transmitidas no cinema. É claro que isso vale tanto para as boas mensagens como para as más mensagens.

Enfim, creio que não adianta proibir o jovem de ir ao cinema ou alugar um DVD (alguém ainda aluga VHS?), ele fará mesmo assim, então, porque não o fazer conseguir tirar proveito disso? Refletir sobre a mensagem do filme? Acredito nisso, que Deus fala através da arte do cinema, por isso da licença, vai começar a sessão!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A Igreja como portadora da Diaconia


Nenhuma instituição está habilitada para o serviço diacônico além da Igreja de Jesus Cristo. Só ela foi chamada e comissionada para servir ao mundo com poder e graça; só ela foi comprada e redimida; só nela existe a comunhão dos santos e só nela o evangelho é integral.


A igreja servidora e o ministério diaconal


A Igreja fundada por Jesus Cristo, de alguma forma, tenta imitar suas ações e seguir os seus passos. Como vimos acima, Jesus teve uma vida dedicada ao “serviço”, logo, exemplos de diaconia não nos faltam. Por isso, essa Igreja “invisível” e atuante no mundo tem como espelho o Mestre que diz: “Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve (diácono)” Lc 22.27. Nessa passagem bíblica Jesus afirma ser como o escravo que serve à mesa.[1]

Com seu exemplo Jesus institui o princípio básico da ação de sua Igreja. Isso é fato comprovado em todo o NT. pois o que vemos em Atos e nas cartas é uma comunidade servidora que utiliza os dons em prol do próximo. Como afirma Brandt:

Na igreja que confessa: “Senhor é Jesus” existe a variedade e por intermédio desse Senhor, a unidade. Esse Senhor – como confessam todas as testemunhas – tornou-se servo e criado para a igreja, e isto significa: também para cada um pessoalmente. Ele coligou os membros da igreja para o serviço [grifo nosso]. Transformou a igreja inteira no instrumento de seu serviço ao mundo[2]

Dessa forma, fica claro que a única instituição comissionada a fazer diaconia é a Igreja. Por isso, o serviço diaconal não pode estar ligado a qualquer outra instituição, pois nenhuma outra é separada do mundo e dedicada ao Senhor, senão a Igreja.[3] É importante entendermos essa dimensão da Igreja, de que ela é nada mais nada menos do que a obra consumada e continuada de Cristo através das eras e gerações, portanto, podemos definir a Igreja como o domínio de Cristo sobre a terra.[4]

Como embaixadora desse domínio, a Igreja tem tarefas que vão além do anúncio das Boas Novas. Esse domínio tem como característica fundamental o serviço, a mordomia na/para a criação. E isso nos remete ao conceito da Imago Dei (Imagem de Deus). O livro de Gênesis declara que o ser humano não é um escravo dos deuses ou uma criatura qualquer, ele é Imagem e Semelhança de seu criador e isso trás para ele implicações éticas perante as demais criaturas e ao próprio ecossistema. Comento em meu livro:

Os grandes reis do Antigo Oriente costumavam mandar erguer nos seus reinos efígies (estátuas) de si mesmos. Elas serviam como símbolos de sua soberania, ou seja, onde fosse visto essa estátua, saber-se-ia que aquele território pertencia a tal rei. Foi nesse sentido que Israel compreendia a sentença imagem e semelhança de Deus, vendo o ser humano como símbolo da própria soberania de Deus sobre a terra (von Rad). Enquanto que para povos vizinhos, o ser humano não passava de escravo dos deuses, para Israel ele era, e é, cooperador de Deus na criação. Onde houver um ser humano, ali está um representante de Deus, basta ele se dar conta disso. [5]

Mesmo após a queda o ser humano continua sendo imagem e semelhança de Deus, contudo, com alterações, pois se nada mudasse com a queda, não haveria necessidade de conversão e regeneração. Mondim esclarece:

· Pelo fato de constituir um aspecto essencial do ser humano, a imago Dei nunca foi inteiramente destruída, nem totalmente corrompida, mas apenas deturpada, a tal ponto que, por si só, o homem não tem forças para restaurá-la.
· A restauração da imago Dei no homem é obra do Filho de Deus, que é imago Dei por excelência.[6]

Sendo assim, a Igreja é feita de pessoas regeneradas e que devem enxergar a diaconia na perspectiva da Imago Dei, logo, é ir além de dar comida e palavra para quem não tem, é serviço prestado em prol de toda a criação, é incentivar o cuidado com o meio ambiente e tudo que diz respeito a este, influenciar as políticas públicas para a promoção da vida etc.[7]

O assunto é muito amplo e não temos espaço para maiores explanações, mas cremos que isto ficou claro: é a comunidade de Jesus que tem a responsabilidade de viver diaconicamente!

__________
[1] Cf. SCHWEISER, Eduard. in: NORSTOKE, K. A diaconia em perspectiva bíblica e histórica. São Leopoldo: Sinodal, 2003. p. 53s.
[2] BRANDT, Wilhelm. in: NORSTOKE, 2003. p. 52.
[3] Cf. OFTESTAD, Alf B. Vivendo Diaconia: edificando a igreja através do cuidado pessoal e social. Curitiba: Encontro, 2006. P. 43.
[4] Cf. AULÉN, Gustaf. A fé cristã. 2. ed. São Paulo: ASTE, 2002. p. 271.
[5] AQUINO, Rodrigo de. Rascunhos da alma: reflexões sobre espiritualidade cristã. Joinville: Refidim, 2009. p. 44.
[6] MONDIN, Battista. Antropologia teológica: historias problemas perspectivas. São Paulo: Paulinas, 1979. p. 139.
[7] Isso não quer dizer que todos na Igreja devem fazer tudo. Deus distribui os dons e no seu corpo as vocações são distintas: Uns gostam de cuidar de idosos, outros não tem o mínimo jeito; uns gostam de envolver-se em questões comunitárias, outros não. O que queremos dizer é que a Igreja de Jesus deve estar envolvida em tudo que promove a vida e o cuidado com a criação.

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