Eu cometi o erro de tentar me defender expondo um pouco de minhas obras e práticas devocionais no afã de mostrar que não sou um crente frio. Mas do que adiantaria esse meu esforço fútil, se eu não estava falando direto com o meu acusador ou acusadora? E mesmo que eu estivesse, faria alguma diferença? Creio que não! Essa situação me levou a pensar em minha espiritualidade e no meio eclesiástico em que estou inserido.
--> “o Rodrigo é um crente frio” – quais são os parâmetros utilizados para designar alguém de frio ou quente? Em algumas denominações não é sua conduta ética ou comprometimento com a obra que conta, mas o que você fala e a altura que fala. Nos cultos, não costumo dar “Glórias a Deus, Aleluias” em tom de voz elevado, línguas estranhas muito menos (1Co 14.19). Apesar de ser uma pessoa extrovertida e comunicativa não tenho por hábito “berrar” ou “glorificar alto” quando ouço uma proposição do púlpito ou ouço algum hino que me edifiquem. Por falar em hinos, não gosto desses hinos triunfalistas que ensinam teologia da prosperidade e iludem os fieis de que eles são as vítimas, e tudo de errado que acontece na vida deles é culpa do diabo. Prefiro canções, que exalta a Deus simplesmente por ele ser salvador e sustentador. Mas nem sempre ouço esses hinos onde congrego, quando são cantados, me alegro, e, externamente esboço um sorriso. Esse é o meu jeito, é dessa forma que vivo meu relacionamento com o sagrado. E assim como respeito aqueles que berram e se sacodem, quero ser respeitado.
--> “ele é muito crítico” – com certeza sou, e a bíblia assim me ensina (os Profetas, Jesus, Paulo, os crentes de Bereia, etc.). Não sou um ouvinte passivo, que abre a cabeça e permite que “qualquer coisa” entre e seja tido como verdade indiscutível. Até mesmo quando prego ou leciono, procuro desenvolver essa dinâmica: “Irmãos, sejamos como os crentes de Bereia, que analisavam cada palavra que Paulo falava, e se Paulo corria o risco de errar, imaginem eu”.
Sou um analista do meio em que vivo, e quando detecto algo que julgo não ser adequado, exponho minha opinião e gosto de conversar a respeito, pois posso aprender uma verdade bíblica antes obscura para mim ou ensinar a correta interpretação de um texto bíblico. Gosto de dialogar! Discutir idéias e conceitos! Pensar!
Desprezo discursos enlatados e fórmulas prontas que são utilizados para domínio das massas. Não gosto de hinos em ritmos caipiras que só sabem falar de Deus como uma espécie de “escravo”, que atende cada uma de minhas vaidades e luxúrias, dessa forma fica difícil me “entregar” e “expressar algum sentimento” nesse contexto.
--> “não quero julgá-lo né, pois não sei como é a vida dele com Deus no íntimo” – é normal sermos julgados e julgar, somos constantes réus e juizes nos tribunais da vida. Por isso não culpo essa pessoa, afinal, em muitos contextos pentecostais a espiritualidade é medida por decibéis, onde aquele que fala mais alto é o mais espiritual e quente.
Eu não irei mudar minha espiritualidade para fazer parte dos “quentes” ou para ascender ministerialmente, não venderei a minha alma à hipocrisia.
Pode parecer que não estou feliz com a minha congregação, mas não é verdade, tem virtudes e defeitos como qualquer comunidade cristã, então não tem porque mudar. Lá encontro pessoas tementes a Deus, comprometidas com a sua obra. Pessoas que como eu, querem firmar raízes e ser relevante no reino de Deus. Sempre será assim, uns ficam na arquibancada olhando o jogo acontecer apontando o dedo, outros estão no campo fazendo algo, sujeitando-se a críticas e ofensas, elogios e incentivos, errando e aprendendo. Eu estou no campo!
Fico feliz em saber que Deus é meu juiz, Cristo meu advogado e o ES meu consolador.
Quem sabe essa pessoa esteja mesmo certa e eu seja de fato um crente frio. Pois preciso orar mais, ler mais a Bíblia e não somente livros que falem dela, amar aqueles irmãos que não me dão nada em troca, ter mais momentos de solitude, enfim, ser mais cristão!
Quem sabe essa pessoa esteja mesmo certa e eu seja de fato um crente frio. Pois preciso orar mais, ler mais a Bíblia e não somente livros que falem dela, amar aqueles irmãos que não me dão nada em troca, ter mais momentos de solitude, enfim, ser mais cristão!