quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Salvação: Expiação, Liberdade e Cura

Por Fernando Albano

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes” (Rm 5.1-2ª)

Aceite ser AceiA Bíblia ensina que Deus se tornou homem. Isso significa que não estamos sós. Alguém se ocupa de nós e vence o mal e pecado, reparando o dano causado ao relacionamento entre a humanidade e Deus. O ser humano é salvo de suas cadeias e curado daquilo que o aflige e o afasta de Deus. Portanto, a morte e a ressurreição de Jesus dá ao cristão uma nova vida, isto é, uma vida eterna.

a. – Expiação

Expiar significa cobrir o pecado. Deste modo, remover o obstáculo à comunhão com Deus. Foi exatamente isto que Jesus realizou na cruz. O cristianismo ensina que o Jesus inocente assumiu para si a culpa de toda a humanidade e sofreu a punição que caberia ao ser humano. Ele padece e morre no lugar do pecador. A teologia cristã denomina isso de sofrimento vicário, isto é, substitutivo. Por meio dele, Deus se reconcilia com a humanidade, e a comunhã do ser humano com Deus é restabelecido.

O apóstolo Paulo destaca que a expiação de Jesus é uma dádiva para a humanidade, embora esta não o merecesse (Ef 2.8-9). Aqui temos o conceito de graça, tão caro ao cristianismo. Deus nos aceita mediante a fé em Jesus, apesar de sermos inaceitáveis. Assim, nossa obra é simplesmente aceitar ser aceito. Geralmente as pessoas têm senso de reivindicação. Isto ocorre por pensarem que possuem méritos. Assim, onde houver méritos haverá reivindicação. Contudo, na salvação de Deus isto não se aplica, pois somos pecadores diante de Deus e, portanto, a base de nossa relação com Ele encontra-se na Sua graça. Definitivamente não há lugar para o mérito humano na salvação. Portanto, só os que são capazes de se deixar presentear. Somente estes são justificados por Deus porque aceitam ser aceitos, se permitem ser alvo do amor e do perdão de Deus.

b. – Salvação

A palavra utilizada no Novo Testamento para “salvo” é um verbo grego que significa “redimido”, “preservado”, “libertação” ou “curado”.

Uma ideia fundamental da teologia cristã é que o indivíduo não pode salvar a si mesmo. A salvação é concedida gratuitamente a pessoa se ela acreditar em Cristo e em sua expiação na cruz (Ef 2.8-9).

É somente por meio da fé em Jesus que o indivíduo pode ser salvo. Convém ressaltarmos que, é “por meio da fé” e não pela fé que somos salvos. Somos salvos pela graça de Deus. A fé serve de canal dessa graça salvadora. Caso contrário, a fé poderia ser compreendida como uma obra humana e, portanto, negaria o próprio conceito de graça conforme ensinada nas Escrituras.

A fé que salva não é assentimento intelectual a respeito de um conjunto de doutrinas, não é mera decisão da vontade em relação à Cristo e nem questão de pura emoção. Mas é aceitar ser aceito por Deus apesar de ser inaceitável. É confiança numa pessoa _ Cristo. É ser livre para viver a liberdade e ser unido a Cristo, a fim de viver em Deus e Deus nele, enfim, receber o perdão e passar a viver em comunhão com Deus, consigo e com o próximo.

c. - Salvação _ do quê?

Do que o ser humano precisa ser salvo? A Bíblia ensina que a salvação significa basicamente se libertar do poder do pecado que domina as pessoas. Para Aulén pecado é tudo o que interrompe e quebra a comunhão com Deus. Sendo a essência do pecado a descrença. Grudem afirma que: “pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja de natureza”. Elienai Cabral escreveu: “O pecado é, de fato, uma ativa oposição a Deus, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria (livre), resolveu cometer conforme relata a Bíblia”.

A angústia, vazio e ansiedade, que facilmente pode ser constatado em nossos dias, frequentemente são sintomas de indivíduos e sociedades dominadas pelo pecado. Precisamos urgente de salvação. Mas graças a Deus que: “[...] onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.20-21). Logo, a última palavra não precisa ser necessariamente do pecado, pois há graça, perdão e cura por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.

d. – Salvação _ para quê?

Outra palavra para “salvação” é liberdade. “Se, pois, o Filho vos libertar, sereis, realmente, livres”, disse Jesus (Jo 8.36). “É para a liberdade que Cristo nos libertou”, escreve Paulo aos Gálatas (Gl 5.1; cf. Rm 8.2).

É um conceito bíblico que a vida nesta terra tem valor intrínseco. Não somos salvos para fugir deste mundo, pelo contrário somos salvos para poder usufruir dele de modo legítimo, recebendo todas as coisas como dádivas do amor de Deus. Isto posto, a morte é vista como algo negativo. Algo que ofende a vida, por isso Paulo disse que a morte é o “último inimigo”. E é a vitória de Jesus sobre a morte, com sua ressurreição, que fundamenta a esperança na vida eterna.

A Esperança Cristã

Os ensinamentos do Evangelho deixam claro que o Reino de Deus e sua salvação não consistem unicamente no livramento individual, como comumente se pensa. A esperança cristã tem um aspecto comunitário. Em outras palavras, seu objetivo é a criação de um novo mundo, uma era de paz, justiça e fraternidade universais. De fato, a esperança cristã abrange ainda uma dimensão cósmica: haverá “um novo céu e uma nova terra”. Para os salvos, não haverá apenas o céu, mas todas as coisas e o próprio Deus será tudo em todos.

Mas infelizmente, nem todos serão salvos. Não porque Deus não queira salvar toda a humanidade, mas porque muitos permanecerão em pecado, recusando-se a confiar no Filho de Deus. Na realidade podemos afirmar que o julgamento se baseará na resposta do coração humano ao Cristo crucificado (Lc 23.39-43). O ser humano não pode merecer a salvação por causa de suas boas ações. Assim, somente pode ser salvo gratuitamente por Jesus. “Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não vem o julgamento, mas passou da morte à vida” (Jo 5.24).

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