terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pentecostal do século XXI

 Por Fernando Albano

O pentecostalismo é conhecido como movimento do Espírito Santo. Uma de suas referências é a crença no Batismo do Espírito Santo que capacita o crente a falar em “línguas estranhas”. Possuir esta capacidade é demonstrar que se está “cheio do Espírito Santo”. Hoje, é bem verdade que tal ênfase está dando lugar à teologia da prosperidade, que habilita os fiéis a falar na “língua conhecida” do mercado e do capitalismo selvagem: assim, têm se falado em carros, bênçãos, vitórias, prosperidade financeira, etc. É, parece que os crentes já não querem apenas falar em “línguas estranhas”. Aliás, também não querem mais ser estranhos, pois cada dia se adapta aos regimes e modas da sociedade, perdendo assim, suas características conservadoras, seus bons costumes, etc.

            Mas isso é outra história; voltemos a nossa atenção para o falar em línguas estranhas, sobre o batismo no Espírito Santo. Como disse esses são itens bem valorizados no pentecostalismo. Mas arrisco a dizer que hoje, mais do que falar em línguas estranhas, precisamos também ouvir línguas estranhas. Precisamos ouvir vozes que nos soam estranhas, mas que talvez nos ensinem preciosas lições que nos ajudem na formação de nossa identidade pentecostal no século XXI. Sugiro que ouçamos as “línguas estranhas” da sociologia, da filosofia, da psicologia e até da teologia! Por muito tempo falamos em línguas estranhas, mas nos fizemos surdos às “línguas estranhas”. 

O pentecostal deste tempo que quiser ser relevante para a sociedade deve não apenas falar em línguas estranhas, mas também ouvir “línguas estranhas”. Deve falar com Deus e ouvir os homens; conhecer sobre o céu, mas também o que se passa em nossa terra. Falar em línguas estranhas (dom espiritual) e escutar línguas estranhas (conhecimento humano que nos parece estranho) constitui-se hoje em necessidade urgente para o pentecostalismo. Se apenas falar em línguas estranhas, não será ouvido pela sociedade e será tido como estranho. Se apenas ouvir as línguas estranhas da sociedade, perderá a identidade, e acabará estranho. Assim, fé e razão, dons e conhecimento. Ao pentecostalismo convém reconciliar a cabeça e o coração; a boca e os ouvidos.

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