sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Aqui eu Mando!


Queridos leitores, como perceberam, não escrevi faz um bom tempo, o motivo é simples: falta o tão precioso ócio! Mas para aqueles que visitaram o blog e nada de novo encontraram, espero que tenham lido os textos antigos, afinal, texto velho, é novo para quem não leu. Vem-me a mente figuras como Lutero: como ele, mesmo sendo perseguido, conseguia escrever tanto? e eu, vida aparentemente tranqüila, mal consigo atualizar um blog! Realmente, não sou um novo reformador...

Mas vamos ao que interessa, quero compartilhar com vocês uma situação que aconteceu tempos atrás em uma igreja pentecostal da cidade de Joinville. Tal situação gerou uma reflexão em mim, e o estrato dessa reflexão, divido com vocês.

O pastor dessa igreja, querendo maximizar o departamento de Escola Dominical (daqui pra frente EBD), convida um obreiro antigo da congregação para tal tarefa, afinal, ele já a desempenhou em anos anteriores. Esse obreiro, que darei o pseudônimo de Irmão Mandão, recebeu carta branca, ou seja, fazer o que achar melhor, do pastor para otimizar a EBD. Tranqüilo, o pastor saiu de férias, e o Mandão começa a executar seu plano de ação.

No primeiro domingo a frente da comunidade, já começou a trazer de volta práticas há muito tempo caducadas na EBD daquela igreja. Por meia hora subjuga a congregação com seu discurso bélico de que antigamente era assim, era assado, e vai ser como eu quero. Uma de suas ordens era: as classes devem retornar exatamente as 10h15, nem um minuto a mais nem um a menos. Umas das classes ficou com tanto receio, que retornaram as 10h10, sabe o que Mandão fez na frente de toda congregação? “irmã pode voltar pra sala, eu falei 10h15”. A “coitada” nem “piou”, voltou correndo para sua sala, provavelmente suando a cada tic tac do relógio. Outra turma chegou 10h16, pouparei vocês do que aconteceu....enfim, por algum tempo foi dessa forma, uma ditadura em nome Jesus para o crescimento da EBD. A congregação reagiu, mas nos bastidores, nos cochichos de fim do culto, acuadas pelo axioma: “quem falar mal do homem de Deus será comida de bicho”.

Surge a pergunta: ele tem poder ou autoridade sobre a congregação? Segundo o sociólogo Weber, ele tem poder. Para Weber poder é a capacidade de obrigar, devido a sua posição dentro de uma hierarquia, os outros a obedecerem a sua vontade (Faça isso, eu estou mandando, se não...?). Autoridade é diferente, é levar as pessoas a fazerem, de bom grado, sua vontade, é influência sem coerção. Poder se compra ou se ganha, mas autoridade não, pois ela faz parte da essência da pessoa.[1]

Esse paradigma velho de liderança em igrejas pentecostais se explica facilmente, pois a influência coronelista foi forte no desenvolvimento do movimento no Brasil. Contudo, os tempos mudaram, e lideranças assim já não impressionam mais, caducaram. O Mandão da nossa história quer resolver no grito a situação, quer chegar no final e dizer: pastor está aí o que você pediu, a EBD cresceu, eu fiz acontecer. Ele não compreende que liderar é influenciar pessoas, é despertar o potencial de cada um, é levar todos em direção ao alvo, é um caminhar junto onde todos cruzam a linha de chegada.

Semana que vem compartilharemos uma breve análise destes termos, poder e autoridade, bem como a compreensão de poder a partir dos escritos de Lucas. Até lá!

[1] HUNTER, J. Como se tornar um líder servidor: os princípios de liderança de o monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p. 31-32.

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