Queridos leitores, como perceberam, não escrevi faz um bom tempo, o motivo é simples: falta o tão precioso ócio! Mas para aqueles que visitaram o blog e nada de novo encontraram, espero que tenham lido os textos antigos, afinal, texto velho, é novo para quem não leu. Vem-me a mente figuras como Lutero: como ele, mesmo sendo perseguido, conseguia escrever tanto? e eu, vida aparentemente tranqüila, mal consigo atualizar um blog! Realmente, não sou um novo reformador...
Mas vamos ao que interessa, quero compartilhar com vocês uma situação que aconteceu tempos atrás em uma igreja pentecostal da cidade de Joinville. Tal situação gerou uma reflexão em mim, e o estrato dessa reflexão, divido com vocês.
O pastor dessa igreja, querendo maximizar o departamento de Escola Dominical (daqui pra frente EBD), convida um obreiro antigo da congregação para tal tarefa, afinal, ele já a desempenhou em anos anteriores. Esse obreiro, que darei o pseudônimo de Irmão Mandão, recebeu carta branca, ou seja, fazer o que achar melhor, do pastor para otimizar a EBD. Tranqüilo, o pastor saiu de férias, e o Mandão começa a executar seu plano de ação.
No primeiro domingo a frente da comunidade, já começou a trazer de volta práticas há muito tempo caducadas na EBD daquela igreja. Por meia hora subjuga a congregação com seu discurso bélico de que antigamente era assim, era assado, e vai ser como eu quero. Uma de suas ordens era: as classes devem retornar exatamente as 10h15, nem um minuto a mais nem um a menos. Umas das classes ficou com tanto receio, que retornaram as 10h10, sabe o que Mandão fez na frente de toda congregação? “irmã pode voltar pra sala, eu falei 10h15”. A “coitada” nem “piou”, voltou correndo para sua sala, provavelmente suando a cada tic tac do relógio. Outra turma chegou 10h16, pouparei vocês do que aconteceu....enfim, por algum tempo foi dessa forma, uma ditadura em nome Jesus para o crescimento da EBD. A congregação reagiu, mas nos bastidores, nos cochichos de fim do culto, acuadas pelo axioma: “quem falar mal do homem de Deus será comida de bicho”.
Surge a pergunta: ele tem poder ou autoridade sobre a congregação? Segundo o sociólogo Weber, ele tem poder. Para Weber poder é a capacidade de obrigar, devido a sua posição dentro de uma hierarquia, os outros a obedecerem a sua vontade (Faça isso, eu estou mandando, se não...?). Autoridade é diferente, é levar as pessoas a fazerem, de bom grado, sua vontade, é influência sem coerção. Poder se compra ou se ganha, mas autoridade não, pois ela faz parte da essência da pessoa.[1]
Esse paradigma velho de liderança em igrejas pentecostais se explica facilmente, pois a influência coronelista foi forte no desenvolvimento do movimento no Brasil. Contudo, os tempos mudaram, e lideranças assim já não impressionam mais, caducaram. O Mandão da nossa história quer resolver no grito a situação, quer chegar no final e dizer: pastor está aí o que você pediu, a EBD cresceu, eu fiz acontecer. Ele não compreende que liderar é influenciar pessoas, é despertar o potencial de cada um, é levar todos em direção ao alvo, é um caminhar junto onde todos cruzam a linha de chegada.
Semana que vem compartilharemos uma breve análise destes termos, poder e autoridade, bem como a compreensão de poder a partir dos escritos de Lucas. Até lá!
Mas vamos ao que interessa, quero compartilhar com vocês uma situação que aconteceu tempos atrás em uma igreja pentecostal da cidade de Joinville. Tal situação gerou uma reflexão em mim, e o estrato dessa reflexão, divido com vocês.
O pastor dessa igreja, querendo maximizar o departamento de Escola Dominical (daqui pra frente EBD), convida um obreiro antigo da congregação para tal tarefa, afinal, ele já a desempenhou em anos anteriores. Esse obreiro, que darei o pseudônimo de Irmão Mandão, recebeu carta branca, ou seja, fazer o que achar melhor, do pastor para otimizar a EBD. Tranqüilo, o pastor saiu de férias, e o Mandão começa a executar seu plano de ação.
No primeiro domingo a frente da comunidade, já começou a trazer de volta práticas há muito tempo caducadas na EBD daquela igreja. Por meia hora subjuga a congregação com seu discurso bélico de que antigamente era assim, era assado, e vai ser como eu quero. Uma de suas ordens era: as classes devem retornar exatamente as 10h15, nem um minuto a mais nem um a menos. Umas das classes ficou com tanto receio, que retornaram as 10h10, sabe o que Mandão fez na frente de toda congregação? “irmã pode voltar pra sala, eu falei 10h15”. A “coitada” nem “piou”, voltou correndo para sua sala, provavelmente suando a cada tic tac do relógio. Outra turma chegou 10h16, pouparei vocês do que aconteceu....enfim, por algum tempo foi dessa forma, uma ditadura em nome Jesus para o crescimento da EBD. A congregação reagiu, mas nos bastidores, nos cochichos de fim do culto, acuadas pelo axioma: “quem falar mal do homem de Deus será comida de bicho”.
Surge a pergunta: ele tem poder ou autoridade sobre a congregação? Segundo o sociólogo Weber, ele tem poder. Para Weber poder é a capacidade de obrigar, devido a sua posição dentro de uma hierarquia, os outros a obedecerem a sua vontade (Faça isso, eu estou mandando, se não...?). Autoridade é diferente, é levar as pessoas a fazerem, de bom grado, sua vontade, é influência sem coerção. Poder se compra ou se ganha, mas autoridade não, pois ela faz parte da essência da pessoa.[1]
Esse paradigma velho de liderança em igrejas pentecostais se explica facilmente, pois a influência coronelista foi forte no desenvolvimento do movimento no Brasil. Contudo, os tempos mudaram, e lideranças assim já não impressionam mais, caducaram. O Mandão da nossa história quer resolver no grito a situação, quer chegar no final e dizer: pastor está aí o que você pediu, a EBD cresceu, eu fiz acontecer. Ele não compreende que liderar é influenciar pessoas, é despertar o potencial de cada um, é levar todos em direção ao alvo, é um caminhar junto onde todos cruzam a linha de chegada.
Semana que vem compartilharemos uma breve análise destes termos, poder e autoridade, bem como a compreensão de poder a partir dos escritos de Lucas. Até lá!
[1] HUNTER, J. Como se tornar um líder servidor: os princípios de liderança de o monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p. 31-32.
17 comentários:
Paz .
Querido Rodrigo.
Antes de mais nada ,concordo com seu comentário em partes.
Faço parte desta igreja que você não mencionou(mas deixou bem claro qual é)também faço parte da EBD nessa igreja.
Mais o que gostaria de comentar é que assuntos administrativos , liturgicos caducadas???(como diz você);
ou irmão ANTIGO,particularmente até eu fiquei ofendido nos meus quase 20 anos de fé.Eu sou antigo???
O que se refere a ANTIGO,CADUCOS ...
Será que os NOVOS são essa geração de evangélicos COCA COLA (no mundo inteiro em todas as bocas)....
Deixando isso de lado ,isso são questões culturais,na minha opinião
um Blog que se chama Ócio Teológico nao deveria comentar questões administrativas da igreja SE o irmão Mandão e bom ou ruim.
Eu discordo de muitas coisas em minha igreja .
Como os irmãos ANTIGOS hoje também temos TEOLOGOS NOVINHOS ,que infelismente não nos trazem nada, nem Teses,nem assuntos.
Sendo assim isso é questão de mentalidade não de idade ou época.
Deus Abençoe.
Rodrigo!
Infelizmente isto tem ocorrido em muitas igrejas. A Assembléia de Deus, de administração congregacional (democrática), passou a desenvolver a administração papal (centralizada). Da qual não há discussões sadias para que possam chegar a um senso comum. Tudo bem, a democracia (infelizmente) abra precedentes para que todos achem que estão com a razão. Porém, seria mais justo ouvir a opinião de todos.
Até que em algumas casos a liderança pergunta algo aos seus liderados, porém, os mesmos estremecem em oferecerem as suas opiniões a respeito, pois podem literalmente se QUEIMAR. Ou até mesmo, serem considerados como rebeldes por pensarem um pouco diferente. Em nossa cidade foi vetado pregadores de nossa denominação pregarem em outro lugar. Pergunto: Deus é quem fez isto? Agora Deus dividi o seu povo? Ele por um acaso é faccioso, porfiador? Deus por um acaso faz acepção de pessoas? Enfim....
Agora como escreveu o irmão Anônimo acima: "um Blog que se chama Ócio Teológico nao deveria comentar questões administrativas da igreja SE o irmão Mandão e bom ou ruim".
Este é o reflexo de um comunidade onde não pode se haver diálogo. Ou seja, devemos aceitar, pois o homem de Deus falou. Menosprezando assim os outros. Por um acaso, ninguém mais é homem e mulher de Deus para opinar? Somente os líderes e pastores possuem sacerdócio? A se Lutero estivesse vivo ainda!!!!
Bom texto. Uma reflexão realista que mostra o cotidiano evangélico administrativo. O qual a cada dia está mais parecido com uma empresa onde o chefe manda e os seus supordinados obedecem, mesmo que seja para sonegar impostos. Pois "meu chefe mandou, então está mandado". Ai do obreiro que não fizer a igreja crescer hein!! Esquecem que Deus dá o crescimento. E caso, a igreja cresça o número de membro. O discurso é o mesmo: "O irmão fez a igreja crescer!". Não sejamos néscios de tomar a glória de Deus..
Abraços!
VItor Hugo
O grande problema está em
Olá querido anônimo, obigado por sua visita. Vamos resolver alguns mal entendidos:
1 - a unica coisa que falei que era caduca, foi uma tal pratica litugica, algo que a igreja (por sugestao do pastor local) tinha tirado de sua litugia, pois nao via sentido em tal pratica.
2 - quanto ao irmão antigo, quis dizer que é alguém que congrega a muito tempo na comunidade. confesso que poderia ter utilizado outro termo. minha intenção era somente essa, indicar alguém`que está há tempos na igreja.
no mais, nao comentarei seu txt, pois me interpretaste muito mal sem contar que as vezes é difícil entender o que escreves.
Em meu texto, em nenhum momento, chamo alguém de caduco, pois ainda tenho respeito. acho que isso ficou claro para quem leu o txt com atenção.
outra coisa, não comentar assuntos de adm no blog? isso é um absurdo, pois a adm da igreja deve trabalhar com pressupostos teológicos, e outra, a conduta do irmao mandao, tem afetato a espiritualidade dos membros, isso é teológico...
paz
Vitor,
triste realidade mesmo...mas fico feliz, que nós, teólogos novinhos segundo nosso amigo anônimo, estamos aprendendo diferente, e quem sabe, podemos ser líderes diferentes.
paz
PS - apaguei o comentário anterior por duplicidade.
Paz
Querido Rodrigo peço desculpas se ofendi alguém não é e nem era minha atenção.
E ao me referir a Teologos Novinhos são os que influenciados pelo pensamento liberal.
Ressalto que lhe aprecio muito.
Minha preocupação é onde estaram os Futuros Luteros (reformista e não Protestante),Billy Graham,Charles Finney,entre outros homens de Deus.
Espero que Deus veja algo de bom em nós para proceguirmos .
Outro detalhe tenho 24 anos.
RSRSRSRS
Deus abençoe.
Rodrigo, a paz!
Parabéns pela reflexão. Bem que você destacou a questão do poder, sob um visão de Weber, mas me lembrou de uma frase relacionada a autoridade: "Autoridade é como sabonete, quanto mais você usa menos você tem!".
Abraços!
Fala Bibo.
Estou com saudades de vc.
Sobre o post a coisa é séria, e caro anônimo, teologia se divide também em prática, e os ministérios devem obedecer a padrões bíblicos, e não mandatários (semelhantes aos romanos), sendo assim é assunto teológico sim.
Ademais encomoda as formas que se propoe a auxiliar o crescimento da igreja. E creio que desde a maldição de Finney (bem, quem sabe a cópia bem intencionada de Wesley, sobre o que Whitefield vinha fazendo, originou Finney, e assim por diante, enfim), toda e qualquer fórmula ou meio para se inchar (esse é o termo) a igreja é condenável. Os fins não justificam, nem nunca justificarão o meio. Medo, autoritarismo não combinam com os assuntos como o amor de Deus numa escola dominical.
Abração Rodrigo.
Te esperamos em Blumenau.
Alberto M de Oliveira
Rodrigo
Em minha vivência profissional como gerente em uma empresa em Joinville, aprendi uma coisa muito importante: há pessoas que se deve atribuir apenas responsabilidades e nunca "AUTORIDADE", pois se tornam tiranas e ditadoras. Quanto ao seu comentário, notei que você fez uma crítica às atitudes e não à pessoa, diferente de nosso amigo "anônimo" que criticou diretamente sua pessoa e a nós Teólogos Novinhos ,pois também estou terminando o Bacharel em Teologia. Acredito que a maioria de nós (principalmente os que foram diretamente atingidos pela violência do discurso) entendeu claramente suas colocações. Fica na Paz.
Pb. Lourival dos Santos
Beto,
estou com saudades de vocês também, esse ano, se tudo der certo, estaremos juntos novamente!
Com certeza meu irmão, esse autoritarismo não combina com o amor de Deus, e outra, acordar domingo pela manhã, para ser tratado como escravo, não dá!
Gutierres,
obrigado. e o ditado caiu como uma luva...
Lourival,
isso mesmo, não estou criticando a pessoa e sim seu conceito de lideramnça. Em relação ao anônimo, seus comentários não tem peso algum, pois é confuso e tem dificuldades de interpretação.
Outra coisa, os desejos que o irmão Mandão tem para a EBD são brilhantes, edificantes, mas não podem ser enfiados goela abaixo na base da coerção.
mais esclarecimentos,
Quando disse que o pastor dessa igreja saiu férias, não quis dar a entender que ele abandonou a igreja, largou como alguém que não se preocupa, pelo contrário, ficou tranquilo por colocar alguém que julgou ser apto para a tarefa. e férias, todo mundo precisa, pastores não são supermans, são pó e glória com qualquer um de nós!
Rodrigo, a paz!
Também faço parte desta igreja, e gostei da reflexão.
Concordo com o comentário de Vitor Hugo, apesar de que faltou ele dizer no que? Está O grande problema está em!
Vou aderir o comentário do Pb. Lourival “há pessoas que se deve atribuir apenas responsabilidades e nunca “AUTORIDADE”, pois se tornam tiranas e ditadoras”.
Abraços! Raquel
Grande Rodrigo
Paz e graça!!
De forma resumida pode-se dizer que as qualidades necessárias para um bom líder são:
Ter empatia – Tendência de se colocar no lugar do outro, buscando sentir como se estivesse na mesma situação e circunstância. (ver as coisas do ponto de vista de outras pessoas), o que não ocorre com o autoritarismo que importasse só com sua visão;
Propor alvos – estabelecer metas e fazer com que os alvos sejam alcançados de forma organizada e por meios legais, sem exageros;
Ter competência – fazer seu trabalho com conhecimento de causa, e mostrar isso em atitudes e práticas não somente em palavras; dar o exemplo;
Saber trabalhar em grupo – ouvir o que o grupo tem a dizer, tanto seus lideres como seus liderados.
Ser digno de confiança – um líder deve cumprir suas responsabilidade com respeito;
e para não me estender mais; o líder deve ter
Estabilidade emocional – o líder não deve se deixar levar pelas circunstancias, ou seja “foi Deus que me colocou aqui e tudo tem que ser feito como eu quero” ou coisas piores.
Creio que sem essas qualidades uma boa liderança não funciona e esta fadada ao fracasso ou resultados fracos e comprometidos.
Precisamos de líderes assim e não mandão...
Fica na paz
Olá Raquel!
Vou tentar esclarecer suas dúvidas acerca de meu comentário. Confesso que fiquei um pouco confuso com sua dúvida, pois da maneira que você escreveu não consegui entender muito bem. Mas vamos lá.
Você escreveu: "Concordo com o comentário de Vitor Hugo, apesar de que faltou ele dizer no que? Está O grande problema está em!".
Fiquei com dúvidas em suas perguntas: "...apesar de que faltou ele dizer no que?" e "O grande problema está em!".
1º Abuso de poder dentro do seio eclesiástico evangélico existe, e muito.
2º O método adquirido pela AD para dministração é congregacional, portanto democrático. Porém, isto não tem se cumprido; nem de perto, nem de longe.
3º Existem casos que é aberta discussões acerca de assutnos concernentes a obra. Porém, muitos de retraem com suas opiniões com medo de serem "excomungados" do cerne denomincional. Ou seja, quem pensa um pouco diferente é tratado como carnal, herege, etc..
4º Questiona se é da vontade de Deus o povo dele se dividir. Pois, em minha denominação AD. Não podemos pregar em outras denominações. Caso isto ocorro estou pecando (É o que dizem eles, e não a Bíblia!).
5º Por último, questionei a forma como são tratados os dirigentes, e pastores de congregãções. São operários de piso de fábrica que precisam produzir. e Caso não produzam, são demitidos e tidos como incopetentes. Infelizmente, estes generais não entendem que é ?Deus quem dá o crescimento.
Abraços...
qualquer dúvida..
Vitor Hugo
Desculpe-me pelos erros ortográfico....a pressa faz coisa..
Vitor Hugo
Olá Raquel,
obrigado pela visita, volte sempre! espero que o Vitor tenha lhe respondido.
Dionei, meu brother, companheiro e guerreiro de EBD. as qualidades que elencaste realmente são essenciais para o líder, é o básico!
Volte sempre!
Olá Vitor Hugo,
Entendi o que você quis passar no segundo comentário, e concordo com todos os pontos, especialmente com 3º e o 5º.
Apenas questionei o seu primeiro comentário, porque li no finalzinho “O grande problema está em “. Deu a impressão que na pressa você comeu o restante da frase e fiquei curiosa. Obrigada pelas informações.
Abraços
Raquel
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