sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Reforma: 493 anos de Mudança

Ouça o primeiro PodCast da série: Reforma: 493 anos de Mudança

Companheiro de Viagem

Hoje, dia 29 de outubro, comemora-se o dia nacional do livro. Comemoração que nasceu em 1810, quando a Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro foi criada. A idéia em dar esse dia “ao livro” nasce no afã de despertar o desejo pela leitura nas pessoas.

Creio ser de grande valia esse incentivo, pois segundo o caderno Anexo do jornal AN , uma pesquisa feita pelo Instituto Pró-livro mostrou que 77% dos cinco mil entrevistados preferem ver TV no tempo livre, sendo que o livro é a quinta opção para os momentos de ócio. Uma pena!

Aqueles que estão no poder, são beneficiados com a “burrice” generalizada, são gratos àqueles que sentam na frente da TV se deixam alienar. Não estou generalizando, até existe coisa boa na TV, mas dá para contar nos dedos da mão (do Adoni-Bezeque Jz 1:4-7) e confesso, já assisti a programas que me levaram a concordar com os “ermãos” mais tradicionais, quando afirmam que a TV é do diabo.

Na igreja isso também acontece, pois quanto mais inculta a membresia, mais poder a liderança tem, pois informação é poder! Tanto que quem critica ou simplesmente tem outra opinião, é chamado de crente frio, eu sei bem o que é isso... mas isso são outros quinhentos...

Eu escrevi o livro Rascunhos da Alma por acreditar no poder que um livro na transformação do indivíduo, como disse o poeta: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” Mário Quintana

Vamos ler, vamos pensar. Vamos aumentar nosso vocabulário, aumentar nosso poder de imaginação e criatividade. Vamos tornar um livro nosso companheiro de viagem, e eu falo não só da viagem do trabalho/escola/academia para casa, mas da viagem da vida.

Termino esse texto com a carta de John Wesley a John Trembath em 17/08/1760.
“O que tem prejudicado a sua vida no passado e lamento dizer, até hoje, é a sua negligência quanto à leitura. Negligência tal que por sua vez chega a prejudicar até o próprio desejo de ler. Dificilmente me recordo de um pregador que leia tão pouco. Eis a razão porque seu talento em pregar não aumenta. Você continua pregando como pregava há sete anos; com emoção, porém sem profundidade. Falta variedade e conteúdo.

A leitura poderá preencher estas lacunas com meditação e oração diária. Você prejudica a si mesmo em omitir tal prática. Desprezo à leitura impede alguém de ser um pregador maduro. Até para ser um cristão íntegro é mister a leitura adequada. Oxalá que começasse logo!

Separe uma parte do dia para este exercício. Assim adquirirá o sabor por aquilo que faltava; o que parece monótono no início se tornará com o tempo um prazer. Com ou sem disposição leia e ore diariamente. É para a sua própria vida; não existe outro caminho.

Faltando isso será para sempre um pregador superficial.”

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MEU DEUS, POR QUÊ?

Por Fernando Albano*

“Deus meu, Deus meu por que me abandonaste?”. Estas palavras foram proferidas por Jesus Cristo na cruz. Brado de dor e desamparo que num primeiro momento obteve o silêncio como resposta. Essa pergunta que Jesus fez ainda é feita regularmente em nossos dias. Certamente muitos se debatem com esta questão: a dor que não recebe explicação. Sentimentos de abandono que se instalam no coração e parecem vir marcados pela vocação da perpetuidade. São sentimentos teimosos! Recusam-se a ir embora, querem ser nossos companheiros!

O abandono é uma experiência de dor que todos nós em algum momento da vida já experimentamos na pele. Mas esta dor atinge níveis elevadíssimos quanto nos sentimos desamparado pelo próprio Deus. Assim, quem nunca perguntou a Deus: “Por quê?”. Quem nunca se sentiu abandonado por Deus? Até Jesus sentiu-se assim quando a morte aproximava-se.

Jesus amava a vida e como tal demonstrou pavor diante da morte. Quem ama viver não pode sentir-se bem quando a morte se avizinha. Mas o relato do Evangelho não termina deste modo, a saber com a apresentação de um Cristo abandonado em dor. Antes, ele ora corajosamente e diz em oração: “Em tuas mãos entrego o meu espírito”. Esta é a atitude apropriada no dia mau, da dor e tribulação: entregar, sim entregar nas mãos de Deus o destino de nossa vida. É nas mãos de Deus que nossa existência deve estar, mesmo que não vejamos num primeiro momento qualquer mudança em nossa situação de crise.

Jesus assim faz, entrega a sua vida e finalmente morre. Deste modo, aparentemente jaz derrotado na cruz, sucumbido ante os poderes da morte e do mal. Mas a história de Jesus Cristo não termina desse modo trágico. Sim, porque há ressurreição, há vida. Enfim, o abandono dá lugar ao acolhimento, a derrota dá lugar à vitória. Jesus Cristo ressuscita! Triunfa sobre a morte e todos os poderes do mal e, finalmente assenta-se junto à direita do Pai. Diante disto você pode indagar: “Ok, tudo bem, isso é bonito, mas e minha vida?! Minhas lutas e tribulações?” Calma! Hoje, você se sente abandonado porque está vivendo a sexta feira da paixão existencial, ou seja, momento de abandono e silêncio divino, porém, o dia da páscoa virá, haverá ressurreição, sua vida mudará! Ainda mais: não desista de clamar, mesmo que tenha obtido como resposta o silêncio divino, pois como disse Paulo, “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. No final vai dar certo! Não morrerás! Haverá vida e vitória. Portanto, entrega sua vida e confia em Deus, mesmo em meio ao silêncio divino e sob a ameaça da morte; se você assim fizer e puder dizer a Deus confiantemente, “Deus meu” e aquietar em Sua mão, certamente você será surpreendido pelo poder da ressurreição que a todos vivifica e abençoa. Repito: Não é o fim! Pois Deus não o abandonou e garante a possibilidade de um novo começo! Creia e experimente a vida que triunfa sobre a morte e mal.

* Fernando Albano é Presbítero da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Joinville/SC. Graduado em Ciência da Religião: Licenciatura Plena em Ensino Religioso – UNIVILLE. Mestre em Teologia pela Escola Superior de Teologia (EST). Professor no Centro Evangélico de Educação e Cultura - CEEDUC e Professor de Ensino Religioso na Escola Municipal Paul Harris em Joinville/SC.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Somente Cristo

Prezados leitores, mais uma vez peço perdão pela demora em atualizar o blog, mas a vida de casado e em fase de TCC, o ócio está escasso, e pra piorar, quando sobra um tempinho, as muitas séries da TV americana me roubam à atenção.
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Nesse mês, o podcast dos formulados não poderia trabalhar outro tema se não o da Reforma Protestante.  Depois de fazermos uma pequena introdução, começamos a abordar os pilares da teologia de Lutero: Somente Cristo; Somente a Fé; Somente a Escritura e Somente a Graça. Semana passada abordamos o primeiro pilar, e apesar de óbvio, foi muito proveitoso rever alguns pontos, que compartilho em breves palavras a seguir.

Lutero não planejou uma revolução, como professor de exegese bíblica ele só queria entender a salvação da humanidade. A pergunta: como o ser humano é salvo, o levou até o Cristo das Escrituras, diferente daquele “oferecido” pela igreja de então. O acesso a Cristo na época de Lutero era extremamente “burocratizado” sendo os ritos/sacramentos central na piedade dos fiéis.

Com a declaração Somente Cristo, Lutero quis colocar Cristo no centro da existência humana. O ser humano na busca pelo Pai só o encontra em Cristo. Todas as perguntas acera de salvação e relacionamento entre o divino e o humano se resolvem no Cristo.
Em Jesus Cristo, mediante a sua pessoa, atividade e história, Deus tem aberto seu coração à nós. Assim, Ele nos deu a certeza do que sente a nosso respeito e sua intenção para conosco. CRISTO É O ESPELHO DO CORAÇÃO PATERNO DE DEUS. Podemos dizer sem titubear: Deus é por nós, Deus quer nos Salvar.

Tudo parece óbvio para nós hoje em dia, mas não era para aquela época, em que a salvação estava ancorada nas tradições e não na Escritura/Cristo. As pessoas viviam a tensão céu/inferno e toda piedade era movida pelo medo de ir para o inferno e não por amor e devoção a Deus. Fazendo essa observação percebo que muitas pessoas ainda vivem nesse mesmo esquema.
No meio pentecostal se pergunta muito pela certeza da salvação. E é incrível como muitos não respondem de pronto. Depois de conversar com muitos irmãos e irmãs, cheguei a conclusão que essa incerteza se dá pelo fato da ausência da centralidade de Cristo. Quando alguém titubeia diante dessa pergunta, é porque a concepção de salvação ainda é meritocrática. Fica claro que não é Cristo que está no centro, mas a piedade.

Alguns colocam a piedade no centro (sou salvo porque oro, jejuo, blá blá), outros o ministério (sou salvo porque sou um obreiro/a aprovado), enfim, existem muitos amuletos que tiram Cristo do centro. Por isso, se faz necessário colocarmos CRISTO no centro e sempre de novo reconhecermos que Somente Cristo Salva e que nossa justiça não passa de absorvente (Is 64.6).
Nesta sexta, 15/10/2010, abordaremos o segundo pilar, Somente a Fé, ouça ao vivo nosso podcast na rádio 107,5FM (quem está fora de Joinville pode acessar www.1075fm.com.br) as 23h. Esse podcast estará disponível para download no portal www.formulados.com.br.

Para elaboração desse texto usei o livro A Teologia de Martinho Lutero, de Paul Althaus, editora da Ulbra, 2008.

SOMENTE CRISTO (Solus Christus)

Lutero resgata o ensino bíblico da centralidade de Cristo, como único fundamento da nossa fé e da nossa salvação. Somente Cristo salva, somente Cristo perdoa, somente Cristo nos conduz à comunhão com Deus. O ser humano não tem forças, nem recursos para salvar a si mesmo, por meio de suas obras ou méritos pessoais. Por si só o ser humano é escravo da corrupção e da perdição. Jesus Cristo, por causa da sua obra realizada na cruz é o único que pode resgatar o ser humano do mal e do pecado no qual se encontra. Lutero coloca no centro da fé somente o Cristo e a cruz e tira do ser humano todo poder ou pretensão de fazer a salvação passar por imagens, santos, promessas ou obras meritórias.
Quanto a isso o reformador nada inventou. Apenas chamou atenção para aquilo que sempre esteve registrado nas Sagradas Escrituras. Quero lembrar apenas uma passagem que aponta para esta centralidade de Cristo como fundamento da nossa fé. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4.12).

Disponível em http://www.luteranos.com.br/articles/9353/1/Os-pilares-da-Reforma/1.html

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