A passagem de Lc 22.27 que diz: “Pois qual é o maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está a mesa? Pois no meio de vós, eu sou como quem serve (diakonein)” (ARA).
Sem o invólucro parenético dos vv. 24-26, provavelmente remonte a uma palavra proferida por Jesus durante a última ceia. Surge a pergunta: mas qual é a maneira de Jesus Cristo servir? O que afinal ele fez? No contexto direto da última ceia não fez nada! Pelo menos não se encontra em lugar algum que ele esteja servindo concretamente seus discípulos à mesa. Pode-se afirmar com certeza que ele encontra-se nos últimos momentos de sua caminhada, não podendo empreender mais nada. Resta-lhe sofrer esse dia até o fim. Consegue ainda produzir algumas palavras dirigidas aos discípulos, sendo que, até isso é muito breve. Concomitantemente, é precisamente essa situação que confere a declaração de Jesus Cristo uma forma extremamente marcante: Ele presta o maior serviço a seus discípulos justamente pelo fato de só poder ainda sofrer o que Deus lhe impôs.
As duas perguntas constatam mais uma vez que agora, eu seu ser diaconal, Cristo precisamente não é o maior, ele com essa declaração inverte radicalmente no contrário tudo que até agora vigorava. Quem agora é decisivo é Aquele que não possui nem poder nem fama, Aquele a quem tão somente resta morrer impotente e ridicularizado por todos.[1]
Levar a sério as palavras de Cristo é admitir que o serviço diaconal mais importante será aquele realizado por quem está mais tolhido no grupo dos discípulos, e que não consegue mais assumir um serviço diaconal no sentido corrente, ou seja, todos eles são incapazes de realizar o serviço diaconal primordial para religiosidade da época, a saber, o sepultamento do Mestre. É alguém de fora que realiza-lo, visto que os discípulos fugiram!
O fracasso dos discípulos é demonstrado ao longo dos evangelhos, principalmente no exemplo de Pedro. Fatos que demonstram abertamente a condição de todo ser humano na comunidade de Jesus Cristo. Para o apóstolo Paulo a experiência do diaconato é marcada pela insígnia do serviço mesmo diante da precariedade e limitação humana. A configuração do serviço de Paulo é a que ele “morre” diariamente (1Co 15.30-32). Esse serviço está longe de ser um motivo de admiração, é uma experiência que ele descreve com toda sobriedade; pois morrer diário não acontece, p. ex., pela meditação, mas no fato de correr perigos permanentes por causa de Cristo.
A diaconia deve partir do princípio da própria fraqueza, nesse ínterim Tomás de Kempis [2] propõe: “Não julgues ter feito progresso algum, enquanto te não reconheças inferior a todos”. Ser diácono não exige diplomas. Os princípios da liderança servidora podem ser aprendidos e aplicados por aqueles que querem mudar e melhorar. O que vale é a motivação para mudar. Falar de mudança é fácil, mas para mudar mesmo é preciso iniciativa e coragem para sair da zona de conforto e entrar no desconhecido.[3]
A diaconia é movida pelo amor, e o amor devocinal é a disposição de uma pessoa para ser atenciosa com as necessidades, os interesses e o bem-estar de outra, independente de como se sinta. C. S. Lewis disse: Amar não significa se emocionar. É algo que sentimos em relação a nós mesmos e que devemos aprender a Ter em relação às outras pessoas. Significa que desejamos nosso próprio bem. Para Hunter amor é: O ato de se por a disposição dos outros, identificando e atendendo suas reais necessidades, sempre procurando o bem maior. Amar é fazer e não dizer, amar é ação. Nossas palavras perdem a força se não acompanhadas de atitudes. Ralph W. Emerson disse: o que você É grita tão alto em meus ouvidos que não posso ouvir o que está dizendo.
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[1] SCHWEISER, Eduard. in: NORSTOKE, K. A diaconia em perspectiva bíblica e histórica. São Leopoldo: Sinodal, 2003. p. 54.
[2] KEMPIS, Tomás. Imitação de Cristo. São Paulo: Martin Claret, 2005. p. 49.
[3] HUNTER, J. C. Como se tornar um líder servidor: os princípios de liderança de o monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
[1] SCHWEISER, Eduard. in: NORSTOKE, K. A diaconia em perspectiva bíblica e histórica. São Leopoldo: Sinodal, 2003. p. 54.
[2] KEMPIS, Tomás. Imitação de Cristo. São Paulo: Martin Claret, 2005. p. 49.
[3] HUNTER, J. C. Como se tornar um líder servidor: os princípios de liderança de o monge e o executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
2 comentários:
boa reflexão... se você tivesse visitadi um projeto missionário há duas semanas atrás com o pessoal da minha turma diria que teria se inspirado naquela obra pra escrever. Dá uma olhada em http://www.montehorebe.org este projeto é pura diaconia, é pura missão!!
DTA!
Rodrigo, a paz!
Parabéns pelo texto,
Nos tempos em que a liderança evangélica se auto-proclama como “apóstolos” e se comportam como mini-papas, a reflexão sobre a diaconia de Cristo é importantíssima. Que o Senhor nos ensine a servir!
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