“Como acredita o homem, em sua juventude, estar tão perto de seu objetivo! É a mais bela de todas as ilusões com a qual a natureza ampara a fraqueza de nosso ser.” Hölderlin (1797).
Como ainda não cheguei aos 29 anos, sou jovem, de acordo com a ONU. Sou um jovem que a 5 anos entrou numa faculdade de Teologia para melhor servir ao Reino de Deus, inclusive, diga-se de passagem, agora são 2h10 am, e acabei de assistir ao dvd da minha formatura, entre muitas coisas, vi o juramento que fiz antes de colar o grau, e nesse juramento eu disse que serviria a comunidade de fé no que ela precisasse. A foto acima era a paisagem que eu tinha da janela do meu quarto no seminário.
Há menos de dois anos servindo na comunidade, eu cheguei num ponto onde: ou eu me escondo atrás dos livros e me aprisiono na torre de marfim, ou “engulo” alguns sapos e sigo crendo que o teólogo é importante na comunidade. Como disse um de meus mentores: “ou tu agüenta ou tu se estraga; para agüentar precisas engolir o sapo, digerir o sapo e defecar o sapo, para se estragar, basta sair da comunidade”.
De fato, ou eu sirvo a comunidade de fé onde adoro a Deus ou finjo ser teólogo, pois não creio existir teólogo sem comunidade, já o contrário infelizmente acontece! É nesse servir a comunidade que está a minha dificuldade, pois ao servi-la, descubro que não é ela que se molda a mim, mas eu é que me moldo a ela, é ela quem dá as cartas, é ela que formata! Se é a comunidade que toca a música, qual será então o meu papel? Seria o meu papel dançar da melhor maneira possível? Não sei...só sei que não posso falar tudo o que penso, muito menos reclamar da altura do som.
Ao lembrar de minha formatura, tento resgatar aquele entusiasmo que me levou a estudar teologia, aquela paixão de querer trabalhar na causa do Reino, e tento espantar a dura realidade de que servir ao reino de Deus, no meu caso, é servir a uma comunidade local.
O que me deixa feliz e triste nessa história? Ainda sou jovem...
“Oh, o homem é um deus quando sonha, mas um mendigo quando reflete; e, quando o entusiasmo acaba, ele fica ali parado, como um filho desgarrado, expulso da casa paterna, observando o miserável centavo que a compaixão jogou em seu caminho” Hölderlin (1797).
“Se alguma vez chegamos a admitir as nossas deficiências, fazemos isso por vaidade” La Rochefoucald (1665).
7 comentários:
Sabe quando Jesus falou que "...quem crer em mim como diz as Escrituras, rios de água viva fluirão do seu interior..."?
Sinto falta disso em minha vida e por conseguinte, na comunidade.
O que move as igrejas pentecostais são eventos e congressos, campanhas de avivamento. Passa a campanha, passa o avivamento!
Entendo perfeitamente sua situação Bibo, mas uma transição lenta nas forma de pensar e agir da Igreja talvez seja a maneira melhor e mais duradoura de uma mudança!
Entendi perfeitamente seu desabafo Bibo. É meio difícil dizer, mas nesse caso nós temos que nos equilibrar em cima do muro.
Ou seja, um pouco teólogo, um pouco 'dançarino'. Se formos totalmente teólogos seremos menosprezados pelos líderes de nossas comunidades. Se dançarmos como a música estaremos traindo nossas ideologias.
Então, infelizmente, no meio pentecostal temos que tentar 'equilibrar' as duas situações.
Uma chatice é claro!
Elinéias F.M.
Mario,
será que acontecerá essa transição? estamos no aguardo!!!
Elinéias,
tocaste no ponto, quem sabe o título desse post poderia ser: Tentando se equilibrar...
é bem isso, achar o ponto de equilíbrio, essa é a tarefa!
rodrigo
O que mais nos encômoda, verdadeiramente, é esconder atrás do barranco da religiosidade hipócrita, as nossas visões e posições teológicas. É duro você dispor de tempo para ler, dispor de dinheiro para adquirir livros, dispor de oração a Deus, pedindo a Sua graça para aprendermos a ensinar corretamente o povo, e depois de todo este dispor; você ser barrado por uma frase: "A nossa igreja sempre foi assim, e nunca irá mudar! Você deve se moldar a ela". Isto dói, e muito!
Porém, quando penso em desistir lembro-me de Paulo aconselhando alguns cristãos na igreja de Corínto: "A ciência incha, mas o amor edifica" (I Co. 8: 1). Bem! O contexto deste texto todos nos bem sabemos.
Confesso que por vezes esqueço-me de amar o meu próximo. Sim, aquele meu próximo religioso, hipócrita, e inquisitor de teólogo. Penso que amar o Rodrigo é fácil demais, pois ele é meu amigo e pensamos de maneira semelhante. Porém, amar aquele que me chama de frio, calculista, e não espiritual. Este sim, não é fácil mesmo! Porém, é justamente este que deve ser alvo do meu amor.
Nós devemos dançar conforme a música por amor, e não por dever, pois isto seria lei, e a lei nos mata. O amor é graça. Vivemos pela graça do amor derramado em nossos corações por Deus.
A minha liberdade é barrada pelo amor ao meu próximo!
Belo texto Rodrigo!
Abraços.....
Vitor Hugo.
Vitor,
fantástico teu comentário, me lembrou Stott em seu devocionário A Bíblia toda o ano todo, inclusive, vou colocá-lo no próximo post, pois infelizmente, muitos não acompanham os comentários, só leem o txt! se me permites, vou citá-lo no post.
paz
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