sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Onde está meu irmão?

 

“Quando Deus perguntou a Caim onde estava Abel, Caim replicou, zangado, com outra pergunta: ‘Sou por acaso guardião do meu irmão?’ O maior filósofo ético do nosso século, Emmanuel Levinas, comentou que dessa pergunta zangada de Caim começou toda a imoralidade. É claro que sou guardião do meu irmão; e sou e permaneço uma pessoa moral enquanto não pergunto por uma razão especial para sê-lo. Quer eu admita, que, não, sou o guardião do meu irmão porque o bem-estar do meu irmão depende do que eu faço ou do que me abstenho de fazer. Eu sou uma pessoal moral porque reconheço essa dependência e aceito a responsabilidade que ela implica. No momento em que questiono essa dependência, e peço, como fez Caim, que me dêem razões para que eu me preocupe, renuncio a minha responsabilidade e deixo de ser um ser moral. A dependência de meu irmão é o que me faz um ser ético. A dependência e a ética estão juntas, e juntas elas caem.”
BAUMAN, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. p. 98.

 
Depois das palavras desse sociólogo polonês não sobram muitas a serem ditas. Jesus Cristo já nos ensinou isso na parábola do bom samaritano, lá já está claro que o próximo é todo aquele precisa de mim.

 
Essas palavras nos desafiam a enxergarmos além de nossos umbigos e percebermos o outro. Elas desmascaram nossa hipocrisia e faz-nos ver que nosso cristianismo está longe de ser cristão. Mas ao mesmo tempo nos mostram o caminho, quem está disposto a segui-lo?

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