Meu amigo Vitor Hugo fez um comentário no texto que escrevi, Aprendendo a dançar, que me lembrou uma reflexão de Stott em seu devocionário A Bíblia toda o ano todo[1]. Stott medita sobre o texto de 1Co 8.1[2], onde temos a questão se o cristão pode ou não comer a carne que outrora foi usada em rituais pagãos. Os fortes sabiam que os ídolos não significavam nada, por isso comiam. Já os fracos, provavelmente recém convertidos que ainda estavam habituados com a idolatria, queriam servir fielmente a Deus apartando-se de tudo que “cheirasse” idolatria.
Ambos estavam corretos, pois de fato os ídolos nada significam, por isso pode-se comer a carne. Correta também é a atitude de não se pactuar com os deuses. No caso dos fortes, o conhecimento precisava ser temperado com amor e no caso dos fracos, o amor a Deus precisava ser fortalecido com mais conhecimento. Stott diz:
“O conhecimento traz liberdade (v. 4-8). [...] Logo o amor deve ser um limitador da liberdade (v. 9-13). Se alguém de consciência fraca vê você (uma pessoa de conhecimento) comendo acintosamente em um templo pagão, pode ser induzido a seguir seu exemplo, e ficar com a consciência ferida. [...] a partir desse antigo debate, duas verdades permanecem. Primeiro, as consciências devem ser respeitadas. Elas não são infalíveis. Precisam ser educadas, não feridas. [...] Segundo, o amor limita a liberdade. Nossa consciência, educada pela palavra de Deus, nos da grande liberdade de ação. No entanto, isso não significa que podemos defender a nossa liberdade à custa de outras pessoas. O conhecimento dá liberdade, mas o amor a limita”.[3]
Creio que essa proposição de certa forma norteia a atuação do teólogo na comunidade. Ou seja, eu danço a música por amor, me limito a fim de ensinar o de consciência fraca. Aqui não está em questão o ser melhor ou pior, mas o conhecimento teológico a respeito de Deus. Todos os membros da comunidade pensam teologicamente Deus, e esse pensar determina seu agir. A função do teólogo, ou do educador cristão, é saber comungar a fé com o fraco e, em amor, fortalecer seu conhecimento a respeito de Deus. Esse processo deve ser lento e não invasivo (é aqui que peco constantemente).
Não ignoro o fato de que, em alguns casos, acontecerá o choque, a crise e a divergência, pois existem fracos que se acham fortes e fortes que na verdade são fracos. Outro fator de conflito é a mudança da liderança, pois em igrejas episcopais, é o líder quem “da a cara” da igreja, “escolhe a música” e dita as normas. Os líderes mudam constantemente e sempre deixam suas marcas na comunidade, por isso, o teólogo sempren deve estar ao lado da comunidade, apontando para a palavra de Deus.
Ambos estavam corretos, pois de fato os ídolos nada significam, por isso pode-se comer a carne. Correta também é a atitude de não se pactuar com os deuses. No caso dos fortes, o conhecimento precisava ser temperado com amor e no caso dos fracos, o amor a Deus precisava ser fortalecido com mais conhecimento. Stott diz:
“O conhecimento traz liberdade (v. 4-8). [...] Logo o amor deve ser um limitador da liberdade (v. 9-13). Se alguém de consciência fraca vê você (uma pessoa de conhecimento) comendo acintosamente em um templo pagão, pode ser induzido a seguir seu exemplo, e ficar com a consciência ferida. [...] a partir desse antigo debate, duas verdades permanecem. Primeiro, as consciências devem ser respeitadas. Elas não são infalíveis. Precisam ser educadas, não feridas. [...] Segundo, o amor limita a liberdade. Nossa consciência, educada pela palavra de Deus, nos da grande liberdade de ação. No entanto, isso não significa que podemos defender a nossa liberdade à custa de outras pessoas. O conhecimento dá liberdade, mas o amor a limita”.[3]
Creio que essa proposição de certa forma norteia a atuação do teólogo na comunidade. Ou seja, eu danço a música por amor, me limito a fim de ensinar o de consciência fraca. Aqui não está em questão o ser melhor ou pior, mas o conhecimento teológico a respeito de Deus. Todos os membros da comunidade pensam teologicamente Deus, e esse pensar determina seu agir. A função do teólogo, ou do educador cristão, é saber comungar a fé com o fraco e, em amor, fortalecer seu conhecimento a respeito de Deus. Esse processo deve ser lento e não invasivo (é aqui que peco constantemente).
Não ignoro o fato de que, em alguns casos, acontecerá o choque, a crise e a divergência, pois existem fracos que se acham fortes e fortes que na verdade são fracos. Outro fator de conflito é a mudança da liderança, pois em igrejas episcopais, é o líder quem “da a cara” da igreja, “escolhe a música” e dita as normas. Os líderes mudam constantemente e sempre deixam suas marcas na comunidade, por isso, o teólogo sempren deve estar ao lado da comunidade, apontando para a palavra de Deus.
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[1] STOTT, John. A Bíblia toda o ano todo: meditações diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa, MG: Ultimato, 2007. p. 363.
[2] Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica.
[3] STOTT, John. A Bíblia toda o ano todo: meditações diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa, MG: Ultimato, 2007. p. 363.
[1] STOTT, John. A Bíblia toda o ano todo: meditações diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa, MG: Ultimato, 2007. p. 363.
[2] Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica.
[3] STOTT, John. A Bíblia toda o ano todo: meditações diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa, MG: Ultimato, 2007. p. 363.
6 comentários:
Bibo,
Concordo com você e com o Vitor. Essa é a visão perfeita, apresentada por você e por ele.
Agora o que nós precisamos melhorar é esse relacionamnto com aquele irmão de consciência 'fraca'. Isso é o mais difícil para nós que tivemos nossas mentes abertas pela palavra.
Como diz um ditado (mais ou menos assim)...quando sua mente abre para alguma coisa, ela nunca mais se fecha... As nossas mentes jamais se fecharão novamente.E novamente esbarramos na maior dificuldade(pelo menos a minha) a de viver de uma forma que não escandalize o meu próximo mais 'fraco'.
Só com muito amor mesmo.
Elinéias.
Rodrigo!
As palavras de Stott trazem alento aos nossos corações. Conforme alguns assuntos que temos conversado durante algum tempo na faculdade. Porém, não é nada fácil viver esta dança de amor, não é verdade? O que mais nos entristesse na verdade, não é a forma diferente das liderança Assembleianas pensarem. Mas sim, a maneira como eles lidam com suas visões, atribuindo a uma revelação superior e intocávelmente divina, insubstituível. Com isto eles acabam desprezando, menosprezando, e difamando as demais posições. E tratando a todos que pensam diferente como rebeldes, frios, e pecadores (O que para todo bom cristão, não é novidade!) Isto sim dói, e muito!
Mas creio que Deus nos concede a Graça suficiente para passarmos por cima disto. E também, nós bem sabemos que os dias passam, as semanas passam, os meses passam, e os anos passam. Com isto, muitas coisas mudam. Como bem disse um professor certa feita: "Se você é apenas uma gota no oceano, seja esta gota!". Sejamos esta pequena e quase insignificante gota no oceano eclesiástico. Tratando a todos com amor e veracidade, nunca deixando de possuir como baliza a Palavra de Deus. Sola Scriptura!
Uma palavra de Paulo aos nossos corações:
"Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Gl. 5: 13,14).
Abraços!
Vitor Hugo
Elinéias,
de fato, essa convivência não é fácil, pois muitos irmãos e irmãs se escandalizam com coisas muito banais, tornando a vida sem cor e sem graça, pois nada se pode fazer além de orar e ler a bíblia, ah, comer também pode, inclusive muito! Nessas picuinhas é que os relacionamentos se desgastam. Mas estamos na ativa, tentando se equilibrar!
Vitor,
Isso mesmo, essa dança do amor não é fácil. Mas sigamos em frente.
Todo sistema fechado em si mesmo é nocivo, e quem estuda, lê constantemente, cria uma mente aberta que não aceita autoritarismo e uma única idéia. No fundo nosso desejo é compreender a palavra de Deus em seu contexto e torná-la viva para nós hoje sem assassinar a cultura, a arte e o lazer.
Rodrigo,
parabens pelos dois textos sobre amor e liberdade. Admirei muito sua maturidade em abordar este assunto e revela um crescimento espiritual importante para sua vocação teológica.
O admirável é que são os embates com a comunidade na qual estamos inseridos, que geram amadurecimento. Assim os sapos, no fundo, se tornam nutritivos, embora indigestos (opa, indigestos não, enjoados).
Continuemos crescendo (mas sem enjoos, embora as vezes com diarréia)!
Você esta correto. E neste texto parece que o principio é Amor ao próximo.
Parece tão fácil amar a si mesmo, para agir sempre como Jesus diz:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo"
Mas com certeza há muito mistério nesta ordem, quanto mais cavamos mais encontramos pedregulhos e pedras preciosas.
Amor ao próximo é respeitar as consciências... alma, corpo e espírito, e Esta é a raiz que liga eu, a comunidade, ate a fonte de água da vida!
Abraços!
Raquel.
Olá Claiton,
é verdade, a diarréia muitas vzs é inevitável! Mas vamos continuar em frente, ainda tenho muito que aprender.
Olá Raquel,
justamente, esse é o princípio, lembro-me de uma frase de Jimi Hendrix: "O DIA EM QUE O PODER DO AMOR FOR MAIOR QUE O AMOR PELO PODER, O MUNDO ENCONTRARÁ PAZ"
abraços a todos
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